sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Um tutor para chamar de seu

O crescimento da educação a distância trouxe à tona a discussão sobre o papel exercido pelos tutores, que acabam tão responsáveis pelo desempenho dos alunos no curso quanto pelo bom relacionamento deles com a instituição.
Patrícia Pereira

Nos cursos de educação a distância, os tutores são peça-chave. Suas atividades, presenciais ou em ambientes virtuais, interligam os alunos às ferramentas colocadas à disposição pela instituição. Apesar disso, vivem um dilema: não sabem ao certo quais papéis devem desempenhar. Isso porque há vários modelos de cursos em EAD e, portanto, diversos sistemas de tutoria. A construção da identidade da tutoria foi tema de seminário promovido pela Associação Nacional dos Tutores da Educação a Distância (Anated), no início de outubro, no Rio de Janeiro.
Como na EAD há professores responsáveis pelo conteúdo das disciplinas e pela parte pedagógica, o tutor existe para exercer uma nova função: ser o facilitador do ensino - função essa que dá margem a diversas tarefas. Não há um padrão e cada instituição busca o modelo mais adequado a sua proposta pedagógica e até mesmo conforme o curso ofertado.
De acordo com Rita Maria Tarcia, professora da Unifesp e diretora da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), é possível identificar quatro modelos de tutoria. O primeiro é chamado de Semipresencial I, no qual o tutor exerce atividades a distância, por meio de fóruns e chats, além de atendimento presencial. O segundo é o Semipresencial II, também com atividades a distância, mas com atendimento presencial referente à tecnologia. O terceiro é chamado de bimodal, o qual mescla a tutoria a distância com encontros presenciais obrigatórios. O quarto seria a tutoria exclusivamente vir­tual. Para Rita, não há uma modalidade que possa ser eleita como a melhor. "O que deve haver é coerência pedagógica e um sistema que suporte o processo de acordo com o projeto de educação da instituição e do curso", recomendou.
Estabelecer a identidade e responsabilidades do tutor foi a principal dificuldade apontada por Daniel Freitas, tutor do Consórcio Cederj no polo de Rio das Flores. "Como atendemos diretamente os alunos, eles acham que tudo é com a gente. Se a profissão fosse regulamentada, teríamos funções mais definidas", disse Freitas.
Competências
As inúmeras funções desempenhadas pelos tutores de EAD foram identificadas pela pesquisadora Lucíola Lima Pequeno, da Universidade de Fortaleza (Unifor). A partir do trabalho intitulado A importância do tutor na Educação a Distância, Lucíola percebeu que apesar de as atribuições do tutor não estarem muito bem definidas, há uma série de funções frequentemente identificadas como sendo do tutor. Entre essas atribuições, a pesquisa relaciona: mediação, facilitação, orientação, além de atividades que o consideram como um professor on-line.
Segundo Luis Gomes, presidente da Anated, os diversos papéis que os tutores desempenham nos cursos de EAD se apoiam em competências de três áreas: pedagógica, tecnológica e de gestão. Pedagógica por sanarem as dúvidas dos alunos relativas ao conteúdo das aulas; tecnológica por precisarem conhecer o funcionamento das plataformas de EAD; e de gestão porque  demandas administrativas chegam ao tutor.
A conclusão é fruto do trabalho da  Anated junto a tutores de todo o Brasil. "A associação busca mapear as funções daqueles que estão à frente do processo, a fim de reunir todas as experiências do país, incluindo os diferentes conceitos que se tem de EAD, e agrupar quais são as competências do tutor", informou Gomes.
Um problema ocasionado pela falta de regulamentação é a baixa formação de profissionais para a atividade. Como no mercado de trabalho não há quantidade suficiente de tutores para contratação, são as próprias instituições que têm capacitado seus professores para atuarem como tutores.
É o caso da Universidade Estácio de Sá, que possui mais de 40 mil alunos nos cursos de EAD. De acordo com Paula Caleffi, reitora da Estácio, a capacitação é importante porque é preciso que os professores compreendam as diferentes plataformas de EAD. "Não basta o professor achar que vai reproduzir a sua metodologia presencial na modalidade de EAD", destacou a reitora.
Luis Gomes revelou que a Anated trabalha para criar uma certificação em tutoria para balizar essa formação. "Hoje cada instituição capacita de acordo com suas necessidades, que às vezes é muito específica para determinado curso", observou Gomes.                
As características para o sucesso da tutoria on-line foram reunidas no trabalho O tutor no ambiente virtual de aprendizagem: competências e processos de desenvolvimento, apresentado por Marta Fernandes Garcia, tutora da Unesp e pesquisadora da Universidade de Campinas (Unicamp). Segundo ela, os tutores devem conhecer as ferramentas de ensino e serem capazes de ajudar os alunos a usá-las. Outra competência importante é a capacidade de estabelecer um bom relacionamento com os alunos que os motive a participar ativamente das atividades e permanecer no curso.
REVISTA ENSINO SUPERIOR - EDIÇÃO 158 - 11/2011 - EDITOR

domingo, 4 de setembro de 2011

Penso que..

... não há como comparar o ensino presencial ao ensino a distância, são distintos. Comento isso porque sempre caímos nas mesmas questões: quais as vantagens, quais as desvantagens, é melhor, é pior, é ruim, é bom, enfim... chego a conclusão que não podemos mais fazer questionamentos de comparação. 

E por que cheguei a esta conclusão? 

Porque estou fazendo uma pós-graduação – Especialização em Metodologias e Gestão da Educação a Distância na Anhanguera Educacional e uma das atividades da aula-tema 1 – A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NO BRASIL E NO MUNDO – é um desafio avaliativo que consiste em seguir blogs sobre EaD e o tema da aula e ao final de 1 mês como seguidora fazer um blog e relatar as experiências quanto aos debates e se eles modificaram as ideias que tenho sobre EAD e se colaboraram para melhor compreensão dos conceitos. Assim, estou aqui no meu blog e posto meu relato:

Foi uma experiência interessante seguir blogs, embora o tempo tenha sido pouco, e fazer um blog sobre Educação a Distância, também tempo curto para formar bons debates, mas posso afirmar que, embora a participação tenha sido tímida, senti que algumas ideias minhas sobre EaD ficaram mais claras e colaboraram ao me dar mais conceitos no auxílio dos estudos e chegar na conclusão que escrevi acima. Repetindo: não tem comparação e sim confirmação que tanto a educação presencial como a distância faz o mesmo papel de ensinar e aprender a diferença é: as duas têm formas distintas, porém maravilhosamente eficazes no papel de educar.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Puro Prazer

Por Dad Squarisi
Recado: “Assim como escrever, ler é uma das atividades humanas mais sofisticadas. É preciso treinar muito para adquirir fluência na leitura”.Joseana Paganine Em grego, é hedone. Em português, hedonismo. Numa e noutra língua, o significado se mantém. É prazer. A sensação gostosa fez escola. Virou doutrina da filosofia. Segundo ela, o prazer deve ser considerado o objetivo principal dos atos humanos. Alguns concordam. Outros não. Mas uma coisa é certa. Ninguém gosta de sofrer. A regra vale para a leitura. Texto difícil não tem vez. E não é de hoje.

Montaigne, no século XVI, disse com todas as letras: “Ao encontrar um trecho difícil, deixo o livro de lado”. Por quê? “A leitura é forma de felicidade”, respondeu ele. “Se lemos algo com dificuldade, o autor fracassou”, completou Jorge Luís Borges quatro séculos depois. A observação não se restringe a livros. Engloba jornais, revistas, cartas comerciais, redações escolares, receitas de comida gostosa. Sem fisgar o leitor, adeus, emprego! Adeus, nota boa! Adeus, sobremesa dos deuses! Por isso, roguemos ao Senhor. Que Ele ilumine mentes, penas e teclados. E cada um faça a sua parte.

Escrever é verbo transitivo. Escreve-se para alguém. O alguém é o leitor. Não o perca de vista. Seja natural. Imagine que ele esteja à sua frente ou conversando com você. Fique à vontade. Espaceje suas frases com pausas. Sempre que possível, faça perguntas diretas. Confira ao texto um toque humano. Você está se dirigindo a gente de carne e osso. Sobretudo use frases curtas. O leitor só consegue dominar determinado número de palavras. Depois, os olhos pedem uma pausa. Uma frase longa, já dizia Vinícius, não é nada mais que duas curtas.

Preste atenção às palavras. Palavras longas e pomposas funcionam como cortina de fumaça entre quem escreve e quem lê. Está em dúvida entre dois vocábulos? Prefira o mais curto. Entre dois curtos? O mais expressivo. Como avaliar o índice de dificuldade do texto? Existe o teste de legibilidade. Quer tentar? Pegue um escrito seu. Pode ser uma carta, um artigo, uma redação. Depois, siga a receita. Com um cuidado: faça parágrafo por parágrafo.

1. Conte as palavras do parágrafo.
2. Conte as frases (cada frase termina por ponto).
3. Divida o número de palavras pelo número de frases. Assim, você terá a média da palavra/frase do texto.
4. Some a média da palavra/frase do texto com o número de polissílabos.
5. Multiplique o resultado por 0,4 (média de letras da palavra na frase de língua portuguesa).
6. O produto da multiplicação é o índice de legibilidade.

Eis os possíveis resultados:
1 a 7: história em quadrinhos
8 a 10: excepcional
11 a 15: ótimo
16 a 19: pequena dificuldade
20 a 30: muito difícil
31 a 40: linguagem técnica
Acima de 41: nebulosidade

Difícil? Deixe a preguiça pra lá. Avalie o parágrafo abaixo:
“Em boca fechada não entra mosca”, diz a vovó repressora. “Quem não erra perde a chance de acertar”, responde o neto sabido. Ele aprendeu que nas organizações modernas, a competição é o primeiro mandamento. E, cada vez mais, impõe-se a necessidade de falar em público. Muitos servidores, porém, concordam com a vovó. Estremecem só de imaginar a hipótese de abrir a boca diante de uma platéia. Dizem que não nasceram para os refletores. Falta-lhes vocação. A ciência prova o contrário. Falar bem não é dom divino. Falar bem – como nadar bem, escrever bem, saltar bem – é habilidade. Exige treino. Veja se estudamos na mesma escola:

1. Palavras do parágrafo: 101
2. Número de frases: 12
3. Média da palavra-frase (101dividido por 12): 8,41
4. 8,41 + 12 (número de polissílabos) = 20,41
5. 20,41 x 0,4 = 8,16

Resultado: legibilidade excepcional

Agora, o seu texto. Se o resultado ficou acima de 15, abra o olho. Facilite a vida do leitor. Você tem dois caminhos. Um: diminua o tamanho das frases. O outro: mande algumas proparoxítonas dar umas voltinhas. Abuse dos dois.

Correio Braziliense, 9 de junho de 2002

terça-feira, 16 de agosto de 2011

"Se eu não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro." (D. Pedro II)

"Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo sério, com adolescentes brincando de matar gente, ofendendo a vida, destruindo o sonho, inviabilizando o amor. Se a educação sozinha não transformar a sociedade, sem ela tampouco a sociedade muda." (Paulo Freire)

Leitura e Educação

Porque posto este artigo? Por que considero a leitura uma ferramenta fundamental na Educação a Distância. E por que não considerar, juntamente, a escrita. Logo postarei sobre ela.
Por Gilberto André Borges

O ser humano é o único animal capaz de ter uma longevidade maior do que a natureza lhe proporciona. Isto está relacionado a nossa capacidade de produzir conhecimento. Além de ser uma fonte de poder, o conhecimento é também uma fonte de sobrevivência. A melhor maneira de estocar conhecimento ainda é através do livro, seja o tradicional livro de papel ou o livro eletrônico do futuro. Nenhum grande projeto humano teria sido possível sem o conhecimento. Hoje, bem como no passado, este conhecimento se distribui de maneira desequilibrada pelo planeta, havendo regiões onde ele se concentra e se desenvolve ao passo que em outras regiões ele é limitado pela precariedade ou pela ausência de meios físicos de estocagem (livros, bibliotecas), bem como de formas de torná-lo acessível a todos.
No Brasil poucas pessoas possuem o hábito de ler, bem como são poucas as escolas que proporcionam o acesso à leitura aos estudantes. Estas escolas não formam cidadãos plenos, apenas preparam pessoas para o exercício de alguma profissão, e é justamente aí que se encontra a chave da questão. Não é suficiente adestrar pessoas para o exercício de certas funções, mas sim necessário formar cidadãos plenos capazes não só de interagir com o mundo em que vivem, mas também de transformá-lo.
Uma contradição tipicamente brasileira é o fato de possuir um sistema educacional, sobretudo o de ensino básico, deficiente e ao mesmo tempo possuir um dos melhores sistemas de comunicação eletrônica do mundo. Como resultado desta contradição, temos uma população que recebe diariamente em sua casa e sem fazer esforço, uma informação dirigida e superficial. Alia-se a isto o fato desta população não possuir um senso crítico e analítico, e temos aqui um dos grandes problemas nacionais. Este senso crítico deveria ser formado na escola. A única maneira de se formar cidadãos livres é através do estoque de conhecimento, que se faz em nível do indivíduo pela leitura.
No âmbito universitário, é necessário que as universidades possuam bibliotecas atualizadas com o que existe de conhecimento no mundo e não se restrinjam ao que é publicado no mercado nacional, pois são as universidades do Terceiro Mundo as instituições capazes de promover o desenvolvimento tecnológico e conseqüentemente o desenvolvimento econômico destes países. Os níveis de produtividade da industria brasileira se encontram abaixo dos padrões mundiais pela falta de uma formação adequada de nossa mão-de-obra, resultado das nossas deficiências em educação básica. O operário precisa compreender que ao produzir uma peça, está fazendo parte de um sistema, de um conglomerado de pessoas que forma uma nação, e que todos podem ser beneficiados com a simples produção de uma peça.
Em síntese, é a leitura a formadora de cidadãos plenos, capazes não somente de adquirir, mas também de produzir conhecimento. Conhecimento este que também é poder; poder que caminha pari passu com a sobrevivência (pessoal no nível do indivíduo e coletiva em nível de nação). Conhecimento que leva ao exercício da cidadania. Cidadania que deve ser a base de qualquer sociedade.

domingo, 7 de agosto de 2011

Postura Interdisciplinar no Ofício de Professor

O Ensino a Distância muito requer que o professor tenha a postura interdisciplinar, por isso posto este artigo de Amélia Hamze, Profª da FEB/CETEC/FISO/ISEB de Barretos - SP


A interdisciplinaridade oferece uma nova postura diante do conhecimento,uma mudança de atitude em busca do contexto do conhecimento, em busca do ser como pessoa integral. A interdisciplinaridade visa garantir a construção de um conhecimento globalizante, rompendo com os limites das disciplinas. Para isso, será preciso, como propõe Ivani Fazenda, “uma postura interdisciplinar”, que nada mais é do que uma atitude de busca, de inclusão, de acordo e de sintonia diante do conhecimento.

Todos ganham com a interdisciplinaridade. Os alunos, porque aprendem a trabalhar em grupo, habituam-se a essa experiência de aprendizagem grupal e melhoram a interação com os colegas.Os professores, porque se vêem compelidos pelos próprios alunos, a ampliar os conhecimentos de outras áreas; têm menos problemas de disciplina e melhoram a interação com os colegas de trabalho. A escola porque a sua proposta pedagógica é executada de maneira ágil e eficiente; tem menos problemas com disciplina e os alunos passam a estabelecer um relacionamento de colaboração e parceria com o pessoal da equipe escolar, assim como, com a comunidade onde está inserida a escola.

A metodologia do trabalho interdisciplinar supõe atitude e método , envolvendo integração de conteúdos; passando de uma percepção fragmentária para uma concepção unitária do conhecimento; superando a dicotomia entre ensino e pesquisa, ponderando sobre o estudo e a pesquisa, a partir do apoio das diversas ciências. Além disso, o ensino-aprendizagem é centrado no olhar de que aprendemos ao longo de toda a vida (educação continuada). Articular saber, informação, experiência, meio ambiente, escola, comunidade etc., tornou-se, atualmente, o objetivo da interdisciplinaridade que se manifesta, por um fazer coletivo e solidário na organização da escola.

Na aprendizagem, o professor é o norte que ajuda o aluno a descobrir, a reconstruir e a posicionar-se frente ao conhecimento. No processo de aprendizagem o aluno não constrói sozinho o conhecimento, essa construção é feita continuamente com outros e na interação com os outros. As práticas pedagógicas em sala aula devem exceder uma visão fragmentada e descontextualizada do ensino, tornando as aprendizagens significativas. Os cinco princípios que subsidiam a prática docente interdisciplinar, de acordo com Ivani Fazenda são: humildade, espera, respeito, coerência e desapego.

Humildade ante a limitação do próprio saber, perplexidade ante a possibilidade de desvendar novos saberes- é reconhecer limitações e ter coragem para superá-las; Espera é tempo de escuta desapegada (ante os atos não consumados); Respeito por si e pelas pessoas; Coerência entre o que digo e o que faço; Desapego das certezas, buscando no compartilhamento com o outro novas possibilidades do agir e do pensar. Finalizando, a atitude de reciprocidade é a que conduz à troca, que induz ao diálogo com pares idênticos, com pares anônimos ou consigo mesmo.

A efetivação do processo de envolvimento do educador em um trabalho interdisciplinar, mesmo que sua formação tenha sido fragmentada é realizado através da interação professor/aluno , professor/professor, pois a educação só tem sentido no encontro.

“Se há interdisciplinaridade, há encontro, e a educação só tem sentido no encontro. A educação só tem sentido na “mutualidade”, numa relação educador-educando em que haja reciprocidade, amizade e respeito mútuo”. (Fazenda, Ivani. Interdisciplinaridade: qual o sentido?)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Educar o educador

Aprender a ensinar

Um dos eixos das mudanças na educação passa pela transformação da educação em um processo de comunicação autêntica e aberta entre professores e alunos, principalmente, incluindo também administradores, funcionários e a comunidade, principalmente os pais. Só vale a pena ser educador dentro de um contexto comunicacional participativo, interativo, vivencial. Só aprendemos profundamente dentro deste contexto. Não vale a pena ensinar dentro de estruturas autoritárias e ensinar de forma autoritária. Pode até ser mais eficiente a curto prazo - os alunos aprendem rapidamente determinados conteúdos programáticos - mas não aprendem a ser pessoas, a ser cidadãos.

Com ou sem tecnologias avançadas podemos vivenciar processos participativos de compartilhamento de ensinar e aprender (poder distribuído) através da comunicação mais aberta, confiante, de motivação constante, de integração de todas as possibilidades da aula-pesquisa/aula-comunicação, num processo dinâmico e amplo de informação inovadora, reelaborada pessoalmente e em grupo, de integração do objeto de estudo em todas as dimensões pessoais: cognitivas, emotivas, sociais, éticas e utilizando todas as habilidades disponíveis do professor e do aluno.

Cada um de nós professores/pais colabora com um pequeno espaço, uma pedra, na construção dinâmica do "mosaico" sensorial-intelectual-emocional de cada aluno. Ele vai organizando continuamente seu quadro referencial de valores, idéias, atitudes, a partir de alguns eixos fundamentais comuns como a liberdade, a cooperação, a integração pessoal.

Só podemos educar para a autonomia, para a liberdade com autonomia e liberdade. Uma das tarefas mais urgentes é educar o educador/pai para uma nova relação no processo de ensinar e aprender, mais aberta, participativa, respeitosa do ritmo da cada aluno, das habilidades específicas de cada um.

É importante termos educadores/pais com um amadurecimento intelectual, emocional e comunicacional que facilite todo o processo de organizar a aprendizagem. Pessoas abertas, sensíveis, humanas, que valorizem mais a busca que o resultado pronto, o estímulo que a repreensão, o apoio que a crítica, capazes de estabelecer formas democráticas de pesquisa e de comunicação.

Aprender a ensinar
Só podemos ensinar até onde conseguimos aprender. E se temos tantas dificuldades em ensinar, entre outras coisas, é porque aprendemos pouco até agora. Se admitíssemos nossa ignorância quase total sobre tudo - tanto docentes como alunos - estaríamos mais abertos para o novo, para aprender. Mas ao pensar que sabemos muito, limitamos nosso foco, repetimos fórmulas, avançamos devagar.

Sabemos muito, mas não sabemos o principal. Temos conhecimentos pontuais, mas nos falta o referencial maior, o que dá sentido ao nosso viver. Por que e para que aprendemos? Quando só temos objetivos utilitaristas - como conseguir um diploma, um emprego, ganhar dinheiro - isso concentra nossos esforços, mas estreita nosso raio de visão, de percepção.

Temos visões parciais, que se constroem com dificuldade e estão inseridas numa dinâmica informativa volátil. Se aceitamos isso profundamente e com confiança, poderemos começar a procurar com menos ansiedade, a intercambiar nossas pequenas descobertas, a estarmos mais atentos a tudo, a não acreditar em verdades dogmáticas, simplistas. Perceberemos que a realidade é muito mais complexa do que as explicações científicas e que, ao mesmo tempo, iremos apoiando-nos na ciência para avançar a partir dela sem cair em explicações sem consistência.

Ensinar não é só falar, mas comunicar-se com credibilidade. É falar de algo que conhecemos intelectual e vivencialmente e que, pela interação autêntica, contribua para que os outros e nós mesmos avancemos no grau de compreensão do que existe.

Ensinaremos melhor se mantivermos uma atitude inquieta, humilde e confiante com a vida, com os outros e conosco, tentando sempre aprender, comunicar e praticar o que percebemos até onde nos for possível em cada momento. Isso nos dará muita credibilidade, uma das condições fundamentais para que o ensino aconteça. Se inspirarmos credibilidade, poderemos ensinar de forma mais fácil e abrangente. A credibilidade depende de continuar mantendo a atitude honesta e autêntica de investigação e de comunicação, algo não muito fácil numa sociedade ansiosa por novidades e onde há formas de comunicação dominadas pelo marketing, mais do que pela autenticidade.

Só pessoas livres - ou em processo de libertação - podem educar para a liberdade, podem educar livremente. Só pessoas livres merecem o diploma de educadoras. Necessitamos de muitas pessoas livres na educação que modifiquem as estruturas arcaicas, autoritárias do ensino. Só pessoas autônomas, livres podem transformar a sociedade.

José Manuel Moran
Especialista em mudanças na educação presencial e a distância


Texto inspirado no capítulo primeiro do livro: MORAN, José     Manuel,      MASETTO, Marcos e BEHRENS, Marilda. Novas Tecnologias e Mediação Pedagógica. 16ª ed. Campinas: Papirus, 2009, p.12-17
Bom dia!

Meu nome é Denise Ribeiro, sou professora a Anhanguera Educacioanl em Taubaté/SP e estou iniciando meu blog sobre "O Ensino a Distância" e espero que ele contribua, por meio de opinões, debates e discussões para a compreensão, de fato e de tudo, sobre o ensino a distância. A saber:

É o objetivo principal do ensino a distância reconhecer como prática necessária e diária em tempo assíncrono, que facilita a aprendizagem, importando significativamente na vida educacional e avaliativa do aluno e no resultado final do ensino-aprendizagem.

Para isso os estudantes e os docentes devem estar capacitados para este tipo de prática?